A obra foi abandonada pelo consórcio vencedor da licitação em 2014 durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
O governo federal assinou a ordem de serviço para a retomada das obras da Universidade da Integração Latino-Americana (Unila), durante uma visita do ministro da Educação, Camilo Santana, à sede da instituição na cidade de Foz do Iguaçu (PR). A nova fase da construção – que foi paralisada há mais de 10 anos – está orçada em R$ 752 milhões. A assinatura foi no dia 10, deste mês de junho.
O valor para a obra na Unila estava previsto por meio de um convênio socioambiental com a Itaipu Binacional, firmado em dezembro de 2023, ano em que a gestão petista assumiu a direção do lado brasileiro da usina hidrelétrica. No entanto, de acordo com o governo federal, os recursos serão repassados por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
As licitações para a primeira fase de execução das obras do campus Arandu e para o serviço de fiscalização das edificações foram conduzidas pelo Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (Unops). O consórcio MPD e Ankara Unila, formado pelas empresas MPD Engenharia e Ankara Engenharia, venceu o processo de licitação.
O contrato é de US$ 118,1 milhões – cerca de R$ 650 milhões – para execução da fase 1 da obra do campus em Foz do Iguaçu. A fiscalização será feita pelo consórcio Nerkpe, composto pelas empresas Nova Engevix, Prisma Consultoria e Engenharia e RK Engenharia e Consultoria.
De acordo com a Unila, a primeira fase da obra prevê a construção dos edifícios da central de salas de aula, prédio administrativo e restaurante universitário e biblioteca. A nova estrutura será construída em uma área de mais de 94 mil metros quadrados com as edificações entregues a partir de março de 2026.
Desenvolvido por Niemeyer, projeto da Unila é sonho antigo do governo Lula
A Unila foi fundada em 2010, na segunda gestão do presidente Lula, e o projeto arquitetônico da sede da universidade foi um dos últimos de Oscar Niemeyer. Localizada na Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, a Unila tem alunos de mais de 30 nacionalidades e processos seletivos para ingresso de refugiados, indígenas e alunos internacionais.
A obra foi dividida em duas etapas, sendo somente a primeira orçada originalmente em cerca de R$ 240 milhões. A construção começou em 2011 e o valor da obra ultrapassou R$ 260 milhões após três anos e seis aditivos antes da paralisação do serviço.

“Esqueleto” abandonado das obras na Unila são bancadas por Itaipu com repasses via PAC. (Foto: William Brisida/Itaipu Binacional)
A obra foi abandonada pelo consórcio vencedor da licitação em 2014 durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), com cerca de 40% da construção executada até o início de 2015.
Itaipu e PAC bancam projetos e moradias para estudantes da Unila
Além da construção do campus, o novo PAC do governo Lula prevê a construção de moradias estudantis para alunos da Unila em obras orçadas em R$ 10 milhões. A universidade passou a ser beneficiada pela gestão petista a partir de 2023, quando o deputado federal Enio Verri (PT-PR) assumiu a direção do lado brasileiro da Itaipu, após ser nomeado pelo presidente Lula.
Em novembro do ano passado, a Itaipu Binacional também firmou um novo convênio por 24 meses com a Unila, que prevê o repasse de R$ 65 milhões para “projetos de territorialização”. Entre as iniciativas estão pesquisas sobre plantas sagradas indígenas, geração de biogás e biofertilizantes, sustentabilidade indígena e educação em saúde sobre plantas medicinais para hipertensos e diabéticos.
A usina hidrelétrica se tornou alvo de críticas pelo uso dos recursos para um orçamento paralelo que banca “ações socioambientais”, ao invés de custear a redução da conta de energia elétrica, expectativa que existia pela economia prevista com o fim do financiamento de 50 anos para construção da usina na fronteira do Brasil e do Paraguai em 2023.
Naquele ano, Verri participou ao lado de Lula do lançamento do novo PAC e confirmou qual seria a política de repasses da usina hidrelétrica para custear as obras do governo federal, assim como ocorre na COP-30 em Belém. Por lá, a Itaipu é responsável pelo pagamento de obras de infraestrutura, hotel cinco estrelas para os líderes da Cúpula do Clima e reformas em um porto para o evento receber navios cruzeiros.
“Com o fim da dívida de construção da usina, Itaipu vive uma nova realidade econômica e pode, pela primeira vez, fazer parte dos investimentos do PAC”, disse na ocasião o diretor-geral do lado brasileiro. Durante a visita à Unila, o ministro Camilo Santana ainda anunciou R$ 100 milhões para implementação de um parque de geração de energia fotovoltaica em 17 instituições de educação superior no Paraná em parceria com a Itaipu.
Na última terça-feira, Santana também visitou o Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica (LCP), vinculado ao curso de Medicina e ao Programa de Pós-Graduação em Biociências. Segundo a Unila, o local pesquisa o uso terapêutico da cannabis e de outras substâncias psicodélicas no tratamento de doenças como Parkinson, Alzheimer, fibromialgia e depressão.
(Com Gazeta do Povo – Foto Valtemir Pereira/Itaipu)