Opinião

Opinião: O BRASIL DOMINADO PELO COLOSSO ESTATAL

Por Franklin Ferreira*

A Escritura nos ensina que o governo é uma instituição ordenada por Deus para promover a justiça e proteger e servir os bons cidadãos (Rm 13.1-7). No entanto, quando o governo se transforma em um monstro burocrático que sufoca a liberdade e o progresso, desvia-se de seu propósito divino, deixando de ser uma autoridade legítima. O aumento do IOF é apenas um exemplo de como o Estado brasileiro, sob uma gestão socialista, corrupta e esbanjadora, tem se agigantado para controlar todos os aspectos da vida dos brasileiros.

Esse novo aumento de impostos não é apenas um erro econômico; é uma ação deliberada para empobrecer a população e aumentar sua dependência do governo. Como cristãos, devemos questionar: é justo que o fruto do trabalho árduo dos brasileiros seja confiscado para sustentar uma máquina estatal ineficiente? A Escritura condena a opressão dos pobres (Pv 22.16) e nos chama a proteger os vulneráveis, não a torná-los reféns de um sistema que distribui miséria em nome da “justiça social”. A fuga dos recursos e a prisão dos que ficam.

O Brasil está testemunhando um êxodo silencioso. Como a nota de Stephen Kanitz -aqueles com recursos financeiros já deixaram o país, buscando refúgio em nações como Itália, Portugal e Estados Unidos. Para esses, a liberdade e a oportunidade ainda são acessíveis. Mas, para a maioria que permanece no país, o futuro é sombrio. O Brasil do futuro — que, em muitos aspectos, já começou — parece ser um lugar onde a obediência cega será a única opção.

Os que zombaram da política, que escolheram candidatos por critérios superficiais ou pragmáticos, agora enfrentam as consequências de sua omissão. Como cristãos, somos chamados à responsabilidade cívica, a escolher autoridades políticas que governem com sabedoria e temor a Deus (Pv 8.15-16) e que promovam a liberdade e a prosperidade. A apatia (acedia) política é um pecado de indiferença, de negligência, pois permite que governantes inescrupulosos tomem o poder e destruam a nação.

A regressão silenciosa

Como também destaca Kanitz, desde o fim do regime militar, que, apesar de suas falhas, foi um período de crescimento econômico sustentado, o Brasil tem regredido. Dados suprimidos pelo IBGE e ignorados pela imprensa revelam que a renda per capita brasileira caiu pela metade nas últimas quatro décadas. Passamos do 40º lugar no ranking global de renda, onde hoje está a Grécia, para o 81º. Esse declínio não é apenas econômico, mas moral e espiritual.

A Bíblia nos alerta contra a enganação (Jr 17.9). Durante décadas, fomos levados a acreditar que estávamos progredindo, quando, na verdade, regredíamos. Esse engano foi alimentado por uma doutrinação sistemática promovida por jornalistas, intelectuais e professores que priorizaram a narrativa da “justiça social” em detrimento do crescimento e da eficiência. Como Kanitz enfatiza, parece inexistir no meio universitário debates sérios sobre produtividade ou inovação. A pauta sempre foi sobre distribuição de recursos, aumento de gastos públicos e privilégios para o funcionalismo, nunca o bem comum.

A miséria como resultado da doutrinação

A “justiça social” prometida por décadas de políticas esquerdistas resultou em ampla distribuição de miséria. Escolas sucateadas, saúde pública em colapso, violência sem repressão e impostos cada vez mais pesados são o legado de uma mentalidade que rejeita a eficiência em favor da burocracia. Como cristãos, sabemos que a verdadeira justiça promove a dignidade humana e recompensa o trabalho honesto (2Ts 3.10). No entanto, o Brasil atual pune o esforço e premia a ineficiência.

De acordo com Kanitz, a doutrinação esquerdista não é apenas acadêmica; ela permeia a cultura. Durante 40 anos, fomos ensinados a aceitar a estagnação como progresso, a venerar o Estado como salvador e a silenciar diante da opressão. Reclamar, em breve, poderá ser considerado crime. O Brasil caminha para um futuro em que a obediência cega será a norma, e a liberdade, um privilégio do passado.

O preço da irresponsabilidade

A tomada do poder por um governo socialista liderado por alguém condenado em três instâncias judiciais é um reflexo da irresponsabilidade de 60,3 milhões de brasileiros que votaram nele, somados aos 5,7 milhões que anularam seus votos ou votaram em branco. A Bíblia nos adverte sobre a importância de escolher líderes íntegros (Êx 18.21). Quando negligenciamos esse dever, colhemos as consequências: estagnação, corrupção, violência e opressão.

O Brasil não é vítima apenas de seus governantes, mas também de sua própria apatia (acedia). Como cristãos, somos chamados a ser “sal da terra” e “luz do mundo” (Mt 5.13-16), a influenciar a sociedade com valores de verdade e justiça. A omissão política dos brasileiros permitiu que políticos e economistas vivam do trabalho alheio, sem oferecer nada em troca, enquanto o país afunda.

Quando o Brasil se tornar verdadeiramente inviável — e esse dia está próximo —, nações como Estados Unidos, Itália e Portugal não estarão de braços abertos aos brasileiros. Seus portões estarão trancados, e com razão. Nenhum país pode absorver indefinidamente os que fogem das consequências de suas próprias escolhas políticas. Ainda assim, como cristãos, devemos lembrar que a verdadeira esperança não está em fugir para outro país, mas em transformar o nosso com base na Sagrada Escritura, que é a Palavra de Deus.

Um cálculo isolacionista

O aumento constante da carga tributária, que sufoca a iniciativa privada e inibe o crescimento econômico, parece seguir um modelo de controle estatal que fragiliza a sociedade civil, marca de regimes centralizados. Somado a isso, decisões autoritárias do Supremo Tribunal Federal (STF) têm ultrapassado limites constitucionais, com ações que claramente priorizam agendas ideológicas, destruindo o equilíbrio de poderes. A tentativa de suprimir a liberdade de expressão, por meio de regulações e censura nas redes sociais, e a perseguição judicial de inimigos reais ou imaginários, calando vozes dissidentes, são ações comuns em sistemas totalitários.

Esses movimentos, quando vistos em conjunto, sugerem uma erosão dos pilares democráticos que conectam o Brasil ao Ocidente, como a liberdade individual, o império da lei e a economia de mercado. Tal cenário reforça os movimentos do presidente Lula para uma aproximação com nações guiadas por visões de mundo totalitárias, como Rússia, China e seus parceiros, que historicamente se opõem à ordem liberal ocidental. Essa guinada seria desastrosa, isolando o Brasil de seus aliados tradicionais, comprometendo sua soberania e enfraquecendo sua posição no cenário global.

Um chamado à ação

Diante desse cenário, o que podemos fazer? Primeiro, devemos orar por nossas autoridades governamentais: “Antes de tudo, peço que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças em favor de todas as pessoas. Orem em favor dos reis e de todos os que exercem autoridade, para que vivamos vida mansa e tranquila, com toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador” (1Tm 2.1-3). É preciso que o povo de Deus se una em oração e jejum, implorando ao Senhor Jesus por perdão e misericórdia, como fizeram os cristãos na Alemanha Oriental, preparando o caminho para a queda do Muro de Berlim, em 1989.

Portanto, precisamos nos unir em oração constante pela nossa nação. Separe um ou mais horários em sua rotina diária para orar pelo país. Converse com o clérigo de sua igreja e sugira dedicar uma parte da liturgia para confissão de pecados, quebrantamento e intercessão, suplicando para que Deus visite com seu Espírito Santo sua igreja e graça e misericórdia sejam concedidas ao povo brasileiro: “E Abraão continuou: Não se ire o Senhor, pois falarei só mais esta vez. E se achares ali dez [justos]? O Senhor concordou: Não […] destruirei [a cidade] por causa dos dez [justos]” (Gn 18.32).

Segundo, devemos agir com sabedoria e discernimento. Uma compreensão da autoridade política, profundamente enraizada na tradição cristã, diz respeito à legitimidade do governo e aos limites da obediência civil. Nesse sentido, Wayne Grudem e Barry Asmus resumem o pensamento de muitos autores cristãos do passado: “Um ‘governo’ tirano ‘não é, de fato, um governo verdadeiro, mas uma quadrilha de criminosos que se faz passar por governo e, portanto, não pode reivindicar a obediência devida aos governos (legítimos)’. […] ‘O princípio do estado de direito […] implica o direito à rebelião’ […]. A ideia que serve de base para esse argumento é a de que nenhum governante humano pode violar de modo flagrante a lei e agir como se não fosse sujeito a ela.” Como cristãos, defendemos a liberdade, a responsabilidade individual e a limitação do poder estatal. Somos chamados a lutar contra a injustiça e a promover a verdade. Portanto:

Devemos educar nossas comunidades sobre a importância da participação política informada. Escolher autoridades políticas com base em princípios bíblicos é essencial para reverter a trajetória de decadência. Precisamos exigir transparência e eficiência na gestão pública. O governo deve ser um administrador dos recursos do povo, não um opressor que confisca o fruto do trabalho.

Como pais e educadores, temos o dever de ensinar às próximas gerações os valores de liberdade, trabalho árduo e fé, em vez de aceitarem passivamente a narrativa estatal.

Diante da corrupção, da brutal carga de impostos e do aumento da violência, precisamos protestar. Como escrevem Wayne Grudem e Barry Asmus: “Nas sociedades modernas em que os países democráticos dão às pessoas a liberdade para se reunir de modo pacífico em busca de mudança nas ações das autoridades, não vejo nada nas Escrituras que proíba os cristãos de participarem de grandes protestos públicos e pacíficos que reivindiquem ações importantes do governo. […] Os protestos não são, necessariamente, destituídos de espiritualidade, tampouco negam a soberania de Deus nos eventos terrenos, pois reconhecem que a soberania divina muitas vezes opera por meio de ações humanas para realizar mudanças, reconhecendo também que a ação eficaz do homem é totalmente compatível com uma grande fé para crer que Deus atuará por meio de nossas ações, incluindo aquelas cujo propósito é influenciar as políticas de governo.”

Por fim, devemos confiar em Deus. Por mais sombrio que seja o cenário, nossa esperança está no Deus de Israel, que é soberano sobre as nações (Sl 22.28). Ele nos capacita a enfrentar os desafios com coragem e sabedoria.

Ponto de tensão

O Brasil está em uma encruzilhada. A brutal expansão estatal e a doutrinação de décadas são sintomas de uma nação que se desviou dos princípios de justiça e liberdade. Como cristãos, somos chamados a resistir à opressão, a lutar pela verdade e a trabalhar por um futuro em que o Brasil volte a ser uma terra de oportunidade. A estagnação ou o declínio de uma nação não são inevitáveis, mas superá-los exigirá coragem, fé e ação. Que possamos, com a ajuda do único Deus criador, construir um Brasil que honre o império da lei e os princípios de justiça, liberdade e responsabilidade.

Que supliquemos, como aprendemos no Livro de Oração Comum:
“Deus Todo-Poderoso, Pai de todos nós: incute nos homens e nas mulheres do Brasil o espírito da verdade, da retidão e da concórdia, para que, vivendo como família tua, trabalhemos em paz para o progresso e a justiça na nossa terra, e sirvamos também às outras nações do mundo, em especial aquelas a que nos liga a nossa história. Por amor de Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.”

(*Franklin Ferreira é bacharel em Teologia pela Escola Superior de Teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, pós-graduado em Bíblia e Teologia pela Universidade Luterana do Brasil, mestre em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e doutor em Divindade pelo Puritan Reformed Theological Seminary. É reitor e professor de Teologia Sistemática e História da Igreja no Seminário Martin Bucer, em São José dos Campos (SP), professor-adjunto no Puritan Reformed Theological Seminary, em Grand Rapids-MI (Estados Unidos), e consultor acadêmico de Edições Vida Nova. Autor de vários livros.)

(Com Gazeta do Povo)

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