Inspeção identificou possível contato entre sistema de resfriamento com etanol alimentício e bebidas em produção; 9 milhões de litros estão retidos. Cerca de 9 milhões de litros de bebidas foram retidos no estoque da fábrica
O Ministério da Agricultura e Pecuária suspendeu, na terça-feira (3), as atividades de produção e envase da unidade da Solar, considerada a segunda maior produtora de itens da Coca-Cola no Brasil.
A empresa interrompeu as operações de forma preventiva após fiscalização identificar possível contaminação de bebidas por etanol alimentício.
Durante a inspeção, técnicos do Mapa verificaram a presença de componentes de refrigerantes, como cafeína, no líquido de resfriamento utilizado na linha de produção, formado por água e álcool de grau alimentício. A investigação apura se houve contaminação cruzada, ou seja, a entrada do etanol no produto final.
Cerca de 9 milhões de litros de bebidas foram retidos no estoque da fábrica. Os lotes não chegaram a ser distribuídos nem comercializados.
Todo o volume será submetido a análises laboratoriais para determinar a presença de contaminação. O resultado dos testes é esperado em até cinco dias a partir da quarta-feira (4).
De acordo com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o álcool utilizado no sistema de resfriamento é de grau alimentício, sem substâncias tóxicas.
Ele afirmou que, mesmo que a contaminação seja confirmada, o risco seria de ordem comercial, e não sanitária.
Suspensão seguirá até regulamentação

A empresa Solar informou que a paralisação ocorreu em conjunto com o ministério e que já iniciou uma investigação para apurar possíveis falhas no processo produtivo.
A fábrica permanece com as licenças de funcionamento válidas, sendo auditada continuamente por órgãos internos e externos.
A empresa destacou que mantém certificações internacionais, como a ISO 9001 de gestão da qualidade e a FSSC 22000 de segurança de alimentos.
A suspensão será mantida até que a Solar conclua as correções solicitadas e comprove a eliminação de qualquer risco ao processo produtivo. Segundo o Mapa, a liberação pode ocorrer ainda nesta quarta-feira, caso as adequações sejam finalizadas.
A medida foi classificada pelo ministério como preventiva. Em nota, a pasta afirmou que atua de forma contínua para garantir a qualidade dos alimentos produzidos no país, e que ações desse tipo fazem parte dos protocolos de fiscalização.
A fábrica de Maracanaú é a única afetada. As demais unidades da Solar seguem operando normalmente.
Confira a nota do Ministério da Agricultura na íntegra:
” O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) suspendeu temporariamente, em 3 de junho de 2025, as atividades de produção e envase de uma fábrica de bebidas localizada no Ceará. A medida foi tomada de forma preventiva, em consonância com a empresa, para apuração de um vazamento no sistema de resfriamento da linha de produção.
A equipe de fiscalização constatou que, durante o processo produtivo, houve contato entre os produtos em elaboração e o líquido utilizado no sistema de resfriamento. Esse *líquido contém álcool de grau alimentício que não oferece risco elevado à saúde e não inclui substâncias tóxicas.
Até o momento, não há confirmação de contaminação dos produtos, mas, por precaução*, aproximadamente 9 milhões de litros aguardam análise laboratorial. A medida visa garantir que todos os itens estejam plenamente adequados para o consumo antes de serem comercializados.
A suspensão das atividades será mantida apenas até que a empresa conclua as correções necessárias, já em andamento, e comprove a eliminação de qualquer risco à segurança do processo, podendo ocorrer ainda nesta quarta-feira (4).
O Mapa reforça que atua continuamente para assegurar a qualidade dos alimentos produzidos no país e que medidas preventivas como essa são parte dos seus protocolos de fiscalização, com foco na transparência, no cuidado com a saúde da população e na confiança do consumidor.”
A Solar fica em Mandacaru, no Ceará e a suspensão da fábrica é temporária.
(Danilo Griz com Último Segunda)