Julgamento estava suspenso desde semana passada, após mais de dois meses de audiências. Sete profissionais de saúde que faziam parte da equipe médica do ex-jogador eram acusados de negligência médica e estavam sendo julgados por homicídio.
A Justiça da Argentina anulou nesta quinta-feira (29) o julgamento dos profissionais de saúde acusados pela morte do ex-jogador de futebol Diego Maradona. O tribunal declarou o processo judicial como inválido.
O julgamento estava suspenso desde semana passada, após mais de dois meses de audiências. A suspensão ocorreu após um escândalo envolvendo uma das juízas: as partes envolvidas questionaram a conduta de Julieta Makintach, que supostamente participou de um documentário sobre a morte de Maradona. Leia mais abaixo.
Sete profissionais de saúde estavam sendo julgados pela morte de Maradona. Eles eram acusados de negligência médica e respondiam por homicídio simples com dolo eventual — um relatório médico independente divulgado em 2021 afirmou que o ex-jogador morreu “abandonado à própria sorte”.
A lista de acusados inclui o neurocirurgião Leopoldo Luque, que era médico pessoal do atleta, além de um médico clínico, uma psiquiatra, um psicólogo, uma médica coordenadora do plano de saúde, um coordenador de enfermeiros e um enfermeiro.
Caso fossem considerados culpados, os réus poderiam ser condenados a penas de oito a 25 anos de prisão. Uma oitava enfermeira estava sendo processada em um julgamento separado, e ainda não se sabe se seu caso também foi anulado. Todos os acusados alegaram inocência.
O julgamento foi cercado de polêmicas. No primeiro dia do julgamento, um promotor do caso mostrou uma foto de Maradona minutos após sua morte. A imagem causou choque no país.
Os fãs de Maradona marcaram presença em frente ao tribunal em Buenos Aires. Nesta semana, o Luque chegou a ser agredido no rosto por um torcedor.
Considerado um dos maiores jogadores da história, Maradona morreu no dia 25 de novembro de 2020, aos 60 anos, devido a um edema pulmonar enquanto recebia atendimento médico em casa após uma cirurgia neurológica pela qual havia passado duas semanas antes.
Julgamento polêmico

O promotor do caso, Patricio Ferrari, solicitou a suspensão temporária do julgamento depois de questionar a conduta de uma das juízas, Julieta Makintach, por supostamente ter participado de um documentário sobre o caso.
O pedido também estava relacionado à suposta entrada de câmeras nas audiências, já que desde o segundo dia estava proibido filmar dentro do tribunal.
A juíza Makintach, afirmou que não acredita que houvesse nada na denúncia feita contra ela da qual precisasse “se defender”:
“Não vejo fatos, declarações, nada que eu precise explicar. Não há irregularidade, não há crime, não há má conduta. Estamos lidando com uma enorme operação midiática para me coagir e me manter fora deste debate. E, sabe de uma coisa, não vou me desculpar. Quero deixar claro que não vou recuar”, disse à época.
Nos dias seguintes à suspensão, trechos das gravações com a juíza vieram a público. Neles, Makintach se apresenta, caminha em frente à câmera e declara: “Não me imagino fazendo outra coisa (além de ser juíza)”.
A magistrada, porém, nega que os vídeos fizessem parte de um documentário. Ela afirmou que deu a entrevista para um amigo de infância e argumentou: “Aquele material era bruto; não foi divulgado”.
O advogado Fernando Burlando, que representa as filhas de Maradona, já havia feito duras críticas à juíza. Disse que ela “não atuou como juíza, mas como atriz”, e que Makintach sempre ia ao julgamento “muito bem vestida”.
(Da Redação com G1)